Segue abaixo, na íntegra, o resumo da dissertação de mestrado do Rundesth Sabóia Nobre.
A Comunidade Surda do Brasil legitima a Língua Brasileira de Sinais – Libras como língua oficial para a maioria dos surdos dos centros urbanos deste país, sendo então a língua portuguesa adotada (na modalidade escrita) como segunda língua. Partindo desse principio, o fortalecimento da cultura do bilinguismo se consolidará a partir do estabelecimento de uma alfabetização escolar que preconize o aprendizado da escrita e da leitura das duas línguas que coadunam este ambiente linguístico. O bilinguismo pleno acontece quando o Surdo é capaz de escrever em sua própria língua, através de um sistema que compreenda a língua de sinais – uma língua visual. Desde modo, a presente pesquisa visa analisar o desenvolvimento da Escrita de Língua de Sinais – ELS de Surdos usuários do sistema SignWriting. A pesquisa analisou quais ocorrências explicam a padronização ou variação da ELS de Surdos brasileiros. Para isso foi elaborado um quadro modelo com 20 sinais da Libras escrito em SW, cuja finalidade foi compará-los com os produzidos pelos sujeitos Surdos. Esse trabalho foi desenvolvido por meio de um estudo de caso, do tipo multicaso. Participaram do experimento quatro Surdos conhecedores do sistema. Os instrumentos de coleta utilizados foram: uma entrevista semi-estruturada e uma atividade de produção escrita. A análise das entrevistas indicou que o curso de Letras-Libras teve significativa contribuição na difusão e uso do sistema criado por Sutton, e que a leitura em SW tem um ritmo próprio mais lento, porém mais compreensiva para os sujeitos Surdos que a leitura em LP. As entrevistas também sugerem uma atualização no sistema de edição SW-Edit quanto à organização das CM’s. A análise da produção escrita revelou que as ordens predominantes dos símbolos dos parâmetros grafológicos da Libras em pilha são as seguintes: a) para todos os sinais; CM no centro, símbolo de contato à esquerda e símbolo de movimento à direita, ou seja, (ContatoMov.) b) para sinais com PA na cabeça; símbolo de cabeça no centro, símbolo de contato, de configuração de mão e de movimento à direita, ou seja, (Cabeça: Contato>CM>Mov). Além disso as produções evidenciaram que o símbolo de contato é o principal elemento de ligação de uma pilha, onde não é permitido mais de um tipo por pilha. A particularidade da escrita se apresentou nas escolhas dos símbolos de contato e de movimento, visto que cada sujeito escreve o mesmo sinal a partir da sua “pronúncia” com suas variações característica da alofonia da língua. Deste modo, a ELS, conforme as ocorrências aqui registradas, se desenvolve em aspectos fono-morfológicos semelhantes aos nivés de escrita da língua oral. Esta pesquisa é pioneira e pode colaborar com os pressupostos da Psicogênese da Língua Escrita para crianças surdas.
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Fonte: UFSC
