Educação bilíngue de surdos: o uso da escrita de sinais SignWriting na aprendizagem do português como segunda língua

Segue abaixo, na íntegra, o resumo da tese de doutorado da Daniele Miki Fujikawa Bózoli.

A Libras (Língua de Sinais Brasileira) é a língua natural de muitos surdos brasileiros e o português é considerado a segunda língua (L2) desses sujeitos, na modalidade escrita, uma vez que vivem em um país em que a maioria de seus habitantes são ouvintes tendo o português como língua oficial. A Libras, por sua vez, também possui uma escrita e um dos sistemas de escrita com maior evidência é o SignWriting. O presente trabalho dá continuidade à pesquisa realizada em uma escola de surdos, em que os resultados sugeriram mais investigações que possam contribuir para a escrita de língua de sinais na educação de surdos (BÓZOLI, 2015). O objetivo geral foi investigar as contribuições da escrita de sinais (SignWriting) na aprendizagem de segunda língua (L2) por alunos surdos dos anos iniciais do Ensino Fundamental na escola de surdos em Maringá (PR). Os objetivos específicos foram analisar a leitura e escrita de palavras (léxico) das crianças surdas em atividades de português escrito (L2) com a aplicação do SignWriting, comparar o desempenho das crianças surdas em atividades de português sem e com o suporte do SignWriting, bem como identificar como as práticas pedagógicas através do SignWriting podem potencializar a aprendizagem do português escrito (L2) pelas crianças surdas. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, cuja metodologia utilizada foi a pesquisa-ação. Teve como instrumentos de coleta o diário de campo, as filmagens e os materiais didáticos de leitura e escrita. Levando em consideração o português escrito como L2 desses participantes, o referencial teórico baseia-se nos princípios de Ensino Comunicativo de Línguas – ECL (ALMEIDA FILHO, 2005; BROWN, 2000; RICHARDS & ROGERS, 2001; LITTLEWOOD, 1981; RIDD, 2000), nos estudos de segunda língua para surdos (QUADROS, 2000; BROCHADO, 2003; PEIXOTO, 2006; FERNANDES, 2006), na Teoria da Interdependência Linguística (CUMMINS, 1981) e nos estudos de escrita de sinais pelo sistema SignWriting (STUMPF, 2005; WANDERLEY, 2012; BARRETO & BARRETO, 2015). A partir deste embasamento teórico, a análise de dados mostrou que, por intermédio das atividades desenvolvidas em sala de aula, os participantes sinalizantes de Libras tiveram desenvolvimento motivacional em aprender o português escrito (L2) com o uso do SignWriting, além da constatação da importância do letramento visual nas práticas pedagógicas. Os resultados sugeriram que as dificuldades de aquisição da L2 pelos sujeitos surdos podem ser amenizadas na obtenção do conhecimento simultâneo da Libras e da escrita de sinais nos estágios iniciais de alfabetização, contribuindo para a consolidação de uma proposta didático-pedagógica para a educação bilíngue de surdos, além de colaborar para a expansão dos estudos voltados para essa área.

Clique aqui para ver a tese da Dra. Daniele.

Fonte: UFSC

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